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Imagem: ClickPB
A política paraibana caminha para 2026 como um terreno ainda em ebulição, onde nada está completamente definido e quase tudo está sendo negociado. Sob a superfície das alianças aparentemente estáveis, o que se vê é um jogo de reposicionamento em que o Partido dos Trabalhadores ocupa um lugar paradoxal: forte do ponto de vista simbólico e eleitoral, sobretudo pela ampla aprovação do presidente Lula no estado, mas ainda em busca de uma tradução clara desse capital político no tabuleiro local. A Paraíba segue sendo um dos estados onde o lulismo encontra maior ressonância popular, o que confere ao PT uma centralidade silenciosa, porém decisiva, nas articulações que se desenham.

Esse protagonismo, no entanto, não se converte automaticamente em comando. O PT paraibano, atualmente presidido pela Deputada Estadual Cida Ramos, atravessa um momento de reflexão e tensão interna, tentando equilibrar sua identidade histórica de esquerda com o pragmatismo exigido pelas disputas regionais. A legenda conversa com diferentes campos, observa os movimentos dos aliados tradicionais e evita anunciar decisões precipitadas. Há um cuidado visível em não repetir erros passados, quando alianças garantiram presença institucional, mas custaram caro em termos de narrativa, autonomia e capacidade de se apresentar como sujeito político diante do eleitorado.

No centro desse xadrez estão figuras já conhecidas do eleitor paraibano, mas também personagens cuja força reside justamente na estabilidade. O governador João Azevêdo, do PSB, mantém-se como um dos principais polos de poder, líder das pesquisas para o Senado, com forte inserção administrativa e bom trânsito junto ao governo federal. Seu nome circula tanto em projeções para o Senado quanto como referência da continuidade de um campo progressista ampliado no Congresso nacional.

Caso essa movimentação se confirme, a engrenagem institucional do estado passa a girar em torno de outro ator: o vice-governador Lucas Ribeiro. Ligado ao Progressistas e com trânsito não tão fluido entre o centro político, o empresariado e nenhum na base governista, Lucas representa uma suposta continuidade administrativa sem nenhuma identidade com a esquerda, mas com intenção de ocupar o centro do poder, deslocando o debate do eixo clássico esquerda versus direita para uma lógica de estabilidade e transição geracional.

Esse redesenho do campo governista se cruza com outra articulação de peso: a reeleição do senador Veneziano Vital do Rêgo. Veneziano surge como uma âncora política de longo curso, com base eleitoral consolidada e capacidade de diálogo tanto com o lulismo quanto com setores mais tradicionais da política paraibana, além de registrar o segundo lugar nas pesquisas ao Senado. Sua possível presença na chapa de Cícero Lucena confere densidade nacional e institucional a um projeto que, até pouco tempo, poderia ser visto apenas como local. Ao vincular Cícero a Veneziano, constrói-se uma chapa que combina força municipal, capilaridade estadual e trânsito em Brasília, reduzindo riscos eleitorais e ampliando a competitividade do campo de centro-governo.

Para o PT, essa equação está nos cálculos. Veneziano, deixando de lado rusgas passadas, é um aliado confiável do governo Lula no Senado, alguém com quem o partido dialoga sem atritos ideológicos profundos. Uma chapa Cícero–Veneziano tende a atrair naturalmente o eleitor lulista moderado, criando um ambiente em que o PT pode ser chamado a apoiar sem necessariamente liderar. O risco, novamente, é a diluição: ao aderir a uma chapa desse tipo sem contrapartida prática, e por consequência simbólica, o partido pode reforçar a percepção de que sua função é apenas somar votos e não formular projetos.

Ao mesmo tempo, essa composição pressiona o campo liderado por João Azevêdo e Lucas Ribeiro. A disputa deixa de ser apenas sobre continuidade administrativa e passa a envolver musculatura eleitoral e articulação nacional. Com Veneziano no jogo pela reeleição, 2026 tende a se transformar menos em uma eleição de enfrentamento ideológico e mais em uma competição entre arranjos políticos amplos, todos orbitando, de alguma forma, o lulismo, mas sem que o PT seja necessariamente o centro visível dessas construções.

Nesse cenário, a hipótese de múltiplos palanques para Lula na Paraíba ganha contornos ainda mais claros. O presidente aparece como ponto de convergência, enquanto as disputas reais se dão em torno de quem administra o poder local e como esse poder se organiza. O contraste entre a força eleitoral do PT nas eleições presidenciais e sua dificuldade em liderar projetos majoritários estaduais se aprofunda, revelando um partido grande demais para ser ignorado e, paradoxalmente, pouco presente na linha de frente do debate.

Pesquisas de intenção de voto reforçam esse quadro: nomes associados à continuidade, à estabilidade e à articulação institucional largam em vantagem, enquanto o discurso de ruptura perde espaço. Para a esquerda, isso impõe um desafio adicional: como disputar hegemonia política em um cenário que privilegia o consenso e penaliza o conflito programático?

Às vésperas de 2026, o Partido dos Trabalhadores na Paraíba parece viver um momento decisivo de autoavaliação. Entre a força simbólica do lulismo, a ascensão de figuras de direita como Lucas Ribeiro, a consolidação de uma possível chapa Cícero–Veneziano e a permanência de lideranças tradicionais, o partido caminha sobre uma linha estreita entre governabilidade e identidade. O desfecho dessa travessia não definirá apenas alianças eleitorais, mas o lugar que a esquerda ocupará no imaginário político paraibano nos próximos anos.


A megaoperação policial que varreu o Complexo da Penha e do Alemão nesta terça (28) entra para a história não pela eficácia, mas pelo horror. Os mais de 120 mortos, no que se tornou a ação mais letal da história do Rio de Janeiro mostra que por trás dos números, que o governo estadual tenta justificar como “confrontos” com o tráfico, há um rastro de dúvidas sobre as reais motivações, a seletividade da força e o preço pago em vidas humanas em plena temporada eleitoral.

Como se não pudesse ficar pior, no dia seguinte, os próprio moradores tiveram que resgatar dezenas de cadáveres nas matas próximas ao entorno da operação. Uma obrigação legal do Estado.

O governador Cláudio Castro, expressão da extrema direita e da política de extermínio travestida de “lei e ordem”, promoveu um verdadeiro *terrorismo de Estado*. Enquanto ele acusa o tráfico de praticar “narcoterrorismo”, o que se viu foi o Estado aterrorizando as comunidades, com um contingente de 2.500 policiais mobilizados contra uma única região Rio e uma única facção — o Comando Vermelho.

A pergunta que ecoa é simples e perturbadora: por que tamanha concentração de força? Por que a Penha/Alemão sob o domínio do CV e não uma ação mais ampla que atingisse também outras facções, como o Terceiro Comando Puro ou os Amigos dos Amigos? E, principalmente, por que não enfrentar as milícias — grupos formados em sua maioria por agentes de segurança da ativa, da reserva ou exonerados (expulsos) — que controlam vastos territórios do estado, elegem representantes nas casas legislativas, assim como prefeituras e são tratados com condescendência pelo poder público no estado?

Há uma suspeita grave pairando sobre o ensanguentado ar carioca, o uso do aparato policial como instrumento político para limpar áreas dominadas por facções rivais e abrir caminho para a expansão miliciana. Essa dinâmica perversa transforma a violência em ferramenta eleitoral e o sofrimento das favelas em palanque. Não à toa, as milícias, assim como as facções, já se infiltraram na política institucional, tecendo uma rede de poder que une o crime, a economia ilegal e o Estado.

Em meio as mortes, o governador politizou ainda mais o episódio, afirmando que o Rio “estava sozinho” e não recebeu apoio do governo federal. A acusação soa oportunista: Castro nunca solicitou ajuda ao Governo Federal e foi um dos mais duros críticos da PEC da Segurança Pública, que justamente buscava integrar esforços entre estados e União. O discurso de isolamento, portanto, registra mais uma peça de campanha do que um fato administrativo.

É justamente essa integração com o Governo Federal que se faz urgente e indispensável. O crime organizado já não é mais local — ele é interestadual e internacional. O enfrentamento eficaz exige medidas conjuntas: inteligência policial compartilhada, rastreamento de fluxos financeiros, controle integrado de fronteiras, coordenação das forças de segurança e políticas sociais permanentes que ocupem o espaço deixado pela ausência do Estado nas comunidades. Sem essa cooperação estratégica, as operações continuarão sendo paliativos brutais, produzindo mortes sem atingir o coração do problema.

A Operação Carbono Oculto foi uma megaoperação deflagrada em 28 de agosto de 2025 que tinha como alvo um sofisticado esquema de fraudes, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal no setor de combustíveis, vinculado à facção Primeiro Comando da Capital (PCC) e não teve uma morte sequer, seja do lado das forças de segurança ou do crime.

Essa operação é um importante exemplo que marca um passo decisivo no combate ao crime organizado, pois mostra como grupos criminosos passaram a se infiltrar e se beneficiar não só de atividades típicas de tráfico, mas também da economia formal — como o setor de combustíveis e o mercado financeiro — operando de maneira nacional e sofisticada.

A suspeita de que a operação no Complexo da Penha e do Alemão teve motivações eleitorais é inevitável. 
- O Doca, o chefe do tráfico e objetivo da operação nos complexos, foi preso ou morto?
- Em que circunstâncias houve tantas execuções nas matas do entorno dos complexos?
- O Complexo do Alemão e da Penha estão livres do tráfico? O estado retomou os territórios?
Não há respostas para estas perguntas nas declarações do Cláudio Castro ou do comando da operação.

Em épocas de disputa por votos, a vida nas comunidades parece perder valor. A ação na Penha soa como um recado político — um espetáculo sangrento voltado a setores do eleitorado que aplaudem o discurso da violência como solução, enquanto as famílias das vítimas choram sem voz nem justiça.

No Rio, não existe uma face do estado que ouça estas vozes, que vivem assustadas e com medo. O Crime não pode ser mais forte que o Estado, que também não pode ser mais criminoso que o Crime.

A história mostra que regimes autoritários sempre tentam vender força como sinônimo de ordem. Em 1929, o ditador fascista Benito Mussolini declarou ter “eliminado a máfia”. Quase um século depois, a máfia continua viva — assim como o crime organizado e as estruturas de poder que se alimentam dele.

Da Penha e do Alemão emerge um grito que o Brasil não pode ignorar, está mais do que na hora da população, especialmente as comunidades reféns do crime e da violência estatal, banir da política os extremistas que fazem do sangue um projeto de poder. O voto é secreto, mas a consciência é pública.

No entanto, a medida mais vital para evitar mortes é a ocupação pós-confronto. A presença do estado não pode terminar com o último tiro. É imperativa a entrada imediata e massiva de políticas públicas nas comunidades em poder do crime: segurança comunitária(UPPs), escolas, postos de saúde, programas de renda e acesso à Justiça.

Fato é que morreram 4 policiais, um deles com apenas 40 dias de corporação. A pergunta é: Quantos criminosos e quantos civis inocentes foram assassinados lado a lado nesta operação desastrada e trágica? O Estado irá fazer essa separação na contagem dos mortos?

É preciso lembrar que, além da urgente mudança nas políticas de Segurança Pública, como a PEC da Segurança que o Congresso tem obrigação de aprovar, é também nas urnas, que o país pode, enfim, romper o ciclo de fascismo, conivência e morte — e escolher um caminho onde segurança não signifique massacre, e a política não continue lavada no sangue do seu próprio povo.

É preciso banir da política a gana assassina da extrema direita, que tem na figura do Governador Cláudio Castro, um de seus mais significativos expoentes no Rio de Janeiro.

Eli Mariotti



Um clima de alianças estratégicas marcou o encontro estadual do Partido Rede Sustentabilidade (Rede) da Paraíba, realizado no último sábado. O evento, que teve como cerimônia central a passagem da gestão atual para uma nova direção, tendo sido eleitos Eduarda Almeida e Gerson Vasconcelos, como atuais porta-vozes (presidentes) estaduais da Rede Sustentabilidade na Paraíba.

A nova direção foi oficializada em um encontro em João Pessoa, neste sábado (25/10) após o qual os novos dirigentes e a formação partidária foram apresentados. Vale lembrar que Cristiane Almeida é a presidenta que deixa o cargo e passou a faixa pra filha Duda Almeida.

Transformou-se o palco num espaço mais amplo, reunindo representantes de legendas federadas e progressista, ecoando discursos uníssonos em defesa da justiça social, do fortalecimento das mulheres na política e do projeto de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026.

A solenidade, que atraiu olhares além-muros do partido anfitrião, contou com a presença de figuras emblemáticas da esquerda paraibana. Representando o Partido dos Trabalhadores, compareceu o jornalista Eli Mariotti, secretário de Desenvolvimento Econômico da legenda no estado, convocado pessoalmente pela primeira mulher presidenta estadual do PT, a deputada Cida Ramos, para ali estar como representante do partido.

No evento defendeu a união de todos os partidos da esfera progressista para a reeleição do Presidente Lula, ao mesmo tempo em que reforçava a extrema necessidade do aumento de parlamentares da esquerda na AL, no Congresso e no Senado que fossem inequivocamente, a base fiel do um provável governo progressista na próxima gestão federal.

Como secretário de Desenvolvimento Econômico do PT Paraibano e também gestor da Feira Popular Paraibana, sua presença não foi meramente protocolar, assumiu como porta voz das empreendoras e empreendedores da economia criativa e popular e convocou a todos os partidos presentes para que se unissem em trabalhar para aprovar políticas públicas para as mulheres deste segmento econômico, cujo gênero ser faz presente em pelo menos 90% desta categoria.

O Partido Verde (PV). esteve presente, na pessoa do presidente estadual do PV, sargento Denis, reforçando os laços que unem as siglas da Federação da qual o PT faz parte.

Tárcio Teixeira, representante do PSOL paraibano e presidente da federação partidária que abriga o próprio Rede Sustentabilidade, também estava presente e discursou. A cena era clara: no tabuleiro da política paraibana, as peças se movem de forma coordenada, e o evento do Rede serviu como um momento de congraçamento e reafirmação de objetivos comuns entre essas forças progressistas.

O vice-governador Lucas Ribeiro compareceu rapidamente e antes da cerimônia começar, fez um breve discurso de pré-candidato. Também esteve presente Léo Bezerra, vice-prefeito de João Pessoa e que compôs a mesa.

O protagonismo feminino foi um dos eixos centrais dos discursos que ecoaram no encontro.

O empoderamento das mulheres como conquistadoras de seu espaço na política e em todos os setores da sociedade foi exaltado como um valor inegociável para o campo progressista. Os oradores, um após o outro, entrelaçaram essa bandeira com a defesa intransigente da justiça social e, sobretudo, com um apelo fervoroso pela reeleição do presidente Lula, visto como o pilar central para a sustentação dessas conquistas em nível nacional.

A ambição dos presentes, no entanto, não se limitou ao Planalto. Os discursos colocaram na mesa uma necessidade pragmática e urgente: a de trabalhar incansavelmente para ampliar a bancada de parlamentares progressistas.

O objetivo declarado é ambicioso – igualar ou, preferencialmente, dominar a correlação de forças no Congresso Nacional e em especial, na Assembleia Legislativa da Paraíba. A mensagem era de que a vitória presidencial é fundamental, mas terá muitas dificuldades sem uma base parlamentar sólida que permita desobstruir a agenda do governo e travar as batalhas legislativas que se avizinham.

O encontro do Rede Sustentabilidade da Paraíba, portanto, foi mais do que uma simples troca de comando partidária. Foi um microcosmo da estratégia da esquerda paraibana.

Eli Mariotti




A notícia de que a venezuelana María Corina Machado recebeu o Prêmio Nobel da Paz surpreendeu o mundo e supostamente até mesmo ela, que declarou: “Estou chocada”— e confesso que também me chocou. Não pelo estranho reconhecimento em si, mas pelo simbolismo político que essa escolha carrega.

Mas se eu fiquei chocado, será que Corina estava realmente chocada? Ora, se ela foi indicada para o prêmio por Marco Rubio, que todos sabemos quem é, como ela não saberia disto? A tão falada influência dos governos norte americanos no Nobel é de conhecimento geral no planeta. Mas porque o Nobel, que é europeu e tem influência direta da União Europeia, se deixa dirigir pela política externa norte americana?

Será por subserviência? Não creio. O fato é que os interesses norte americanos se enquadram exatamente na visão colonial que a Europa tem do chamado Terceiro Mundo, nesse caso em especial, a América Latina. 

A cada nova premiação, o Comitê Nobel revela mais de si do que de seus laureados. E neste caso, o prêmio parece dizer menos sobre a paz na Venezuela e mais sobre o olhar com que a Europa ainda enxerga a América Latina: um olhar de tutela, de missão civilizatória, de poder moral sobre o destino alheio.

O argumento oficial para o prêmio é conhecido: Corina teria sido agraciada por sua “luta pacífica pela democracia” e pela “resistência ao autoritarismo”. Mas, na prática, trata-se de uma figura cuja atuação política foi marcada pela polarização, pela instabilidade e pelo alinhamento direto com os interesses de Washington e Bruxelas. 

É portanto, legítimo questionar se o Nobel, nesse caso, premiou uma defensora da paz — ou apenas uma peça simbólica na engrenagem geopolítica ocidental.

Não entro aqui no mérito do governo Maduro. O que observo é o fato histórico e sociopolítico de que, mesmo com todas as dificuldades, ele tem apoio majoritário do povo venezuelano — o que o torna, ao menos sob o ponto de vista da soberania, uma expressão legítima de um projeto nacional. 

A oposição, por sua vez, tem sido minoritária e sempre dependente do respaldo externo. Então, quando a Europa escolhe Corina como “símbolo da paz”, o que ela faz é legitimar uma oposição que internamente não conseguiu legitimidade nas urnas. Isso não é diplomacia, é interferência política simbólica.

E além de tudo, esse prêmio ainda pode incentivar ou até mesmo legitimar o assédio militar que os Estados Unidos do Governo Trump vêm fazendo a Venezuela. Fato que ao contrário de promover a paz, pode gerar uma crise geopolítica de proporções inimagináveis na América Latina.

Essa não é a primeira vez que o Nobel da Paz se torna um instrumento político. Henry Kissinger o recebeu em 1973, mesmo sendo o estrategista de bombardeios no Vietnã. Barack Obama o ganhou antes mesmo de governar, como prêmio pela esperança, por ser o primeiro presidente negro do Estados Unidos. 

Aliás tenho sérias sérias suspeitas que a direita global se apropriou do identitarismo aí. Mas isso é assunto para outro artigo, e quando eleito presidente, Obama na prática não promoveu a paz. Em alguns momentos foi o contrário.

E é verdade que Yasser Arafat também recebeu o Nobel, em 1994, mas sua luta não pode e nem deve ser comparada a esses casos. Arafat ainda representa uma resistência histórica por um Estado palestino, uma causa humanitária e de justiça social que transcende fronteiras e desafia todas as escalas convencionais da política mundial. 

O Oriente Médio nesse contexto, é um território de dores e de resistências que fogem a qualquer paralelo. Arafat não foi premiado por conveniência, mas reconhecido por uma luta que até hoje, continua sendo travada no campo da dignidade humana e contra o genocídio palestino.

Já no caso de Corina, o prêmio não parece traduzir um gesto de reconhecimento à paz, mas um recado político. O Nobel da Paz historicamente reflete os dilemas do próprio Ocidente. Ora tenta reparar sua consciência, ora reafirma sua influência. 

O caso da Venezuela expõe exatamente isso — o uso do prestígio moral europeu como ferramenta de interferência nos rumos latino-americanos.

O colonialismo europeu, afinal, nunca desapareceu. Apenas trocou de roupa. A Europa que dividiu o continente em 1494 no Tratado de Tordesilhas, que saqueou o ouro do Brasil e a prata de Potosí, que impôs sua fé e sua língua aos povos nativos, continua hoje impondo sua narrativa e seu julgamento sobre o que é democracia, liberdade e paz.

Depois das independências latino americanas, os grilhões mudaram de forma, mas não de essência. No século XIX vieram os empréstimos britânicos e as ocupações francesas sob o pretexto de cobrar dívidas. No século XX, o colonialismo vestiu terno e gravata, FMI, Banco Mundial, planos de ajuste e doutrinas econômicas importadas que submeteram nossos povos à dependência. 

E no século XXI, o colonialismo se tornou simbólico — o poder de quem narra o mundo. Quando a BBC, o Le Monde ou o El País decidem o que é democracia ou autoritarismo na América Latina, estão em essência reafirmando a velha hierarquia de quem fala e quem é falado.

Premiar Corina Machado, é portanto, reafirmar o mito civilizatório europeu. A ideia de que a América Latina precisa ser “corrigida e ensinada”, guiada pela razão ocidental. 

A mesma arrogância que justificou a catequese indígena e a pilhagem de Potosí agora se disfarça de diplomacia humanitária e de reconhecimento moral. A retórica muda, mas o gesto é o mesmo, a negação da soberania e da maturidade política de nossos povos latino americanos.

Enquanto isso, seguem explorando o lítio, o nióbio, a Amazônia, o gás da Bolívia e a soja brasileira. Continuam comprando barato e vendendo caro, ensinando “democracia” e praticando protecionismo. 

E agora, premiam opositores de governos que não se curvam aos seus interesses estratégicos. O Nobel, nesse contexto não é uma celebração da paz, não passa de uma extensão da política externa colonialista.

Por isso, repito, quando Corina declarou estar “chocada” com o prêmio, confesso que me identifiquei. Também estou. Mas o meu choque é outro, meu choque é perceber como o velho colonialismo europeu disfarçado de reconhecimento moral, continua decidindo quem são os heróis e os vilões da América Latina.

E enquanto isso, seguimos tentando ser ouvidos — não como discípulos, mas como povos livres e auto determinados.

Por Eli Mariotti


O Partido dos Trabalhadores (PT) da Paraíba, sob a nova gestão liderada pela Deputada Estadual Cida Ramos, enfrenta um cenário político desafiador e decisivo em 2026. Com a missão de reposicionar a legenda no estado, o partido precisa equilibrar alianças estratégicas, garantir protagonismo nas decisões políticas e fortalecer sua identidade programática. Este artigo analisa com humildade as dinâmicas internas e externas em todos os cenários possíveis que moldarão o futuro do PT na Paraíba.

O NOVO CENÁRIO POLÍTICO NACIONAL E SEUS REFLEXOS NA PARAÍBA

Em 2022, o PT conquistou a presidência da República com Luiz Inácio Lula da Silva, estabelecendo uma ampla coalizão que incluiu partidos de centro e centro-direita. Uma aliança que tem sido ao longo de quase três anos da gestão Lula, impregnada de atropelos e desavenças em votações dos projetos governamentais tanto na Câmara quanto no Senado Federal.

No entanto, o Centrão ao aliar-se ao bolsonarismo na Câmara Federal, tentou aprovar a chamada "PEC da Bandidagem", que visava blindar parlamentares contra investigações criminais, que além de criar dois códigos penais, uma para o cidadão comum e outro para a elite política, foi implodida por dentro e por unanimidade na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

Essa derrota, que com certeza teve como maior motor a mobilização popular nas ruas, pela opinião pública de esquerda ou não, enfraqueceu o Centrão e mais ainda o bolsonarismo. Este importante fato político somado as defecções da base aliada de Lula, abriu espaço para uma candidatura presidencial com bases mais progressistas em 2026.

Na Paraíba, é preciso que se diga, se faz necessário que a nova direção do PT busque aproveitar esse momento para fortalecer a presença política do partido, distanciando-se das alianças fisiológicas de gestões passadas e alcance um protagonismo mais alinhado com sua base social e seus princípios programáticos.

CIDA RAMOS, A PRIMEIRA MULHER ELEITA PRESIDENTA ESTADUAL DO PT-PB E A RESPONSABILIDADE QUE ISSO REPRESENTA

Eleita presidenta do PT da Paraíba, Cida Ramos se tornou a primeira mulher a comandar a legenda no estado. Sua gestão que inicia, é vista como uma oportunidade sólida para reposicionar o partido, unificar suas alas internas e estabelecer uma estratégia eleitoral sólida para 2026. Em declarações recentes, Cida enfatizou a importância do PT ter voz ativa nas articulações políticas, garantindo que qualquer aliança respeite a identidade e os princípios do partido. É preciso que isso se reflita rm ações e e estratégias do partido à partir de agora.

A unificação do partido no estado não representa abrir mão de sua diversidade de opiniões e visões, representadas tradicionalmente pelas diversas correntes internas. Mas com certeza passa pelo pleno diálogo interno, sentando a mesa com todas as tendências, ouvindo as demandas de todos o setores do partido e encontrar, aí sim, o caminho da Unidade Partidária, de modo que todos estejam na mesma sintonia, mesmo que com todas as suas diferenças.

Sem me arrogar a ser um professor de gestão partidária aqui, e tenho muito a aprender sobre isso, ouso dizer do alto da minha ignorância, que o melhor caminho é registrar as diferenças internas, oferecendo a todas as correntes, a equidade no atendimento de suas demandas, objetivando sempre o fortalecimento do Partido na Paraíba.

Não é fácil. Mas é possível, assim como foi possível o partido ter uma presidenta mulher em um estado nordestino. A responsabilidade é grande.

PROTAGONISMO. ALIANÇAS ESTRATÉGICAS E CONDIÇÕES PARA APOIO EM 2026

É necessário e amplamente reivindicado por sua militância e filiados que o PT da Paraíba adote uma postura muito mais criteriosa que as gestões anteriores com relação às alianças para 2026. A legenda tem que buscar ou esperar parcerias que compartilhem de seu compromisso com a democracia, justiça social e desenvolvimento sustentável.

No entanto, qualquer apoio a uma chapa majoritária não pode ser automático, como tem sido tratado pelo Governador João Azevedo e até mesmo lideranças municipais, como o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena. Não é possível, muito menos aceitável que essa postura se mantenha e nem que negociações se façam as escuras e sem transparência, como tem acontecido no PT-PB nos últimos anos, que resultou em privilégios pessoais para alguns quadros do partido, ou pior ainda, que o partido seja instrumentalizado para projetos políticos pessoais, abrindo caminho para a descrédito no PT da Paraíba.

Essas práticas se não coadunam com os princípios históricos do partido, que é conhecido pela tão bem aplicada Democracia Petista. Com suas falhas é claro, mas sempre se aperfeiçoando.

É fundamental que o PT negocie sua participação na política paraibana de forma equitativa, buscando garantir pelo menos uma vaga na chapa majoritária, seja como vice-governador ou como um dos senadores, nem que seja a segunda vaga. Existe sim, essa possibilidade real.

Além disso, é essencial que o programa de governo das alianças inclua questões programáticas do PT e que essas áreas sejam conduzidas por quadros capacitados do partido, em qualquer setor da administração, seja no primeiro, segundo ou terceiro escalão. E o partido tem que ter lugar em todas estas três camadas. O objetivo é garantir que o PT não apenas ocupe espaços de poder, mas também tenha influência real na implementação de políticas públicas.

O CASO ADRIANO GALDINO: DESAFIOS E OPORTUNIDADES

Adriano Galdino, atual presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba e filiado ao Republicanos, manifestou interesse em disputar o governo do estado em 2026. Ele também indicou que consideraria mudar de partido caso fosse convidado pelo presidente Lula para concorrer pelo PT.

Esse cenário apresenta ao mesmo tempo, contradições, desafios e oportunidades para o PT da Paraíba. Por um lado, as declarações recentes de Galdino, claramente pejorativas a atual Presidenta do partido consequentemente geraram resistências internas, mas por outro lado, a reação do PT exige cautela nas negociações das alianças, podendo até mesmo aventar, mesmo que a uma certa distância de ser possível, a adesão de Galdino ao partido, fato que poderia fortalecer a legenda em termos de representatividade e apoio político. Não se pode virar as costas a uma liderança política de peso, sem falar que a preço de hoje, Cícero é uma possibilidade de alianças, assim como Lucas Ribeiro, que no caso já foi citado como primeira opção por parte da liderança do partido. Haja visto as presenças e os discursos na posse da atual gestão.

O que é fundamental não esquecer, é o fato de que cada diretório estadual tem seu lugar de fala e autonomia, garantida pelo Estatuto, mesmo que a instância superior tenha prioridade e queira ir por caminhos diferentes, isso não invalida posicionamentos locais e o correto é a mesa de negociações, sem deixar de escutar a voz da militância das ruas e seus filiados.

É preciso que a nova direção do PT Paraíba esteja aberta ao diálogo com todos na política, excluindo a extrema direita, é claro, independente de declarações impensadas ou feitas no arroubo de um sentimento de indignação momentânea. Afinal a reeleição de Lula é o foco central do PT de todo o país, portanto, apoios não podem ser relegados a rejeição, pura e simplesmente.

Cida Ramos, em entrevista recente ao ReporterPB, afirmou: "É da política e devemos estar sempre abertos ao diálogo, mesmo que em algum momento se mostre impossível atender à demanda específica”.

UM CENÁRIO GERAL DE POSSIBILIDADES DE ALIANÇAS DO PT NA PARAÍBA EM 2026

Na possibilidade de apoio a uma chapa definida pelo governador João Azevêdo (PSB) ou seu grupo político, nota-se que o PSB é aliado histórico do PT, embora com tensões em alguns momentos. E há grande possibilidade do PT negociar a vice-governadoria ou uma vaga ao Senado, mesmo que seja a segunda vaga.

Mas não se pode mais negociar com João na forma como tem sido feito nas últimas eleições. Sempre existiu a impressão de que estes interlocutores já contavam o apoio automático do PT. Isso acarretou enormes prejuízos ao partido .Em qualquer negociação é preciso incluir pautas do PT no programa de governo, assim como a gestão de secretarias estratégicas (ex.: Desenvolvimento Humano, Cultura, Educação, Agricultura Familiar).

E um possível diálogo com Adriano Galdino (atualmente Republicanos, presidente da ALPB) que já manifestou interesse em disputar o governo e até cogitou migrar para o PT, mesmo que não seja provável uma candidatura nesse contexto do atual cenário político paraibano, o fato é que não deixa de ser uma oportunidade para o partido ensejar seu caminho para o protagonismo político no estado.

Com Galdino, existe a possibilidade de candidatura própria do PT ou composição em que o partido garanta espaço relevante (vice ou Senado). Apesar das resistências internas no PT, é preciso ter abertura ao diálogo, com garantias programáticas e respeito à identidade petista.

POSSÍVEL REAPROXIMAÇÃO COM VENEZIANO VITAL DO RÊGO (MDB)

Veneziano foi vice-presidente do Senado, teve o apoio do PT em sua candidatura a Governador na Paraíba em 2022, tem proximidade com Lula e o PT Nacional, sempre apoiando as pautas do Governo Federal no Senado. Há a possibilidade de composição majoritária, especialmente se o MDB decidir apostar em candidatura própria ou em aliança estratégica, desde que exista uma definição clara de compromissos progressistas e espaço para quadros do PT na gestão.

UMA ALIANÇA TRADICIONAL COM A FEDERAÇÃO DO PT, PCDOB E REDE, INCLUINDO O PSOL

Além das questões de viabilidade eleitoral e força política nas alianças, essa é uma união, que em tese, não há basicamente conflitos. São 3 partidos de uma mesma federação e o outro com afinidade programática, facilitando a convergência de propostas sociais, ambientais e de participação popular. Há a possibilidade de uma frente progressista estadual com candidatura própria ou apoio conjunto a uma chapa ampla. Nesse cenário é fundamental que o PT assuma protagonismo, que responda ao tamanho de sua estatura e que não se dilua em acordos pragmáticos.

NEGOCIAÇÕES COM SETORES INDEPENDENTES E NOVOS ATORES POLÍTICOS

Prefeitos e lideranças emergentes podem e devem compor alianças em 2026, ampliando a possibilidade de ampliar a base municipalista do PT em 2028, garantindo maior apoio no interior. E sempre garantindo o alinhamento com pautas de desenvolvimento regional e inclusão social. É inegável que a realidade política do interior paraibano de maioria conservadora e oligarca, é muito mais complexa com seus grupos políticos locais e na disputa por espaço. Mas são desafios que é preciso superar, principalmente fortalecendo os diretórios e comissões do interior.

CONCLUSÃO

Vendo a importância do protagonismo que tem que ser reconquistado pelo PT, a conclusão é óbvia. O partido não pode se restringir a ser um partido coadjuvante. Mesmo que não apresente candidato próprio ao governo estadual, deve garantir sua participação efetiva na chapa majoritária (vice ou Senado), além de obter secretarias estratégicas sob comando de quadros do partido, garantindo a inserção programática das propostas do PT conduzidas por quadros técnicos e lideranças políticas da legenda.

É fundamental voltar às Bases e conquistar as ruas da Paraíba, porque mais do que articulações de cúpula, o PT precisa se reconectar com sua força original: o povo e seus trabalhadores, para isso instrumentalizando sindicatos e movimentos sociais, coletivos da juventude, fortalecendo o diálogo e mobilizando a militância para além das redes sociais.

A classe artística e cultural tem fundamental importância neste processo, mas vai além, garantindo protagonismo da cultura como ferramenta de resistência e mobilização. A história mostra que grandes mobilizações democráticas no Brasil tiveram forte participação dos artistas, músicos, atores e intelectuais, e agora, o pontapé inicial para esse resgate veio nas manifestações em todo o país, realizadas no domingo, dia 21 de setembro.

A nova direção do PT paraibano tem a missão de fazer o chamamento da juventude e das periferias, investindo em pautas que dialoguem diretamente com as demandas sociais – emprego, educação, habitação, transporte e segurança cidadã, mas principalmente com suas expressões culturais atuais. Esse é um lugar de fala que merece toda e imprescindível atenção nas políticas públicas do partido.

O partido precisa crescer e vencer na Paraíba, e para isso, precisa ser mais que aliado de gabinetes, deve voltar a ser o partido do chão das fábricas, das ruas, das praças, dos palcos e dos artistas. Só assim reconquistará a esperança popular e consolidará seu protagonismo no estado como um todo.

O PT da Paraíba, sob a direção de Cida Ramos, está diante de uma oportunidade histórica; que é reposicionar-se como uma força política relevante e autêntica no estado. Para isso, é crucial que o partido mantenha sua identidade programática, recuse alianças que comprometam seus princípios, e quando negociar seja estratégico, garantindo participação efetiva nas decisões políticas. Que não busque protagonismo apenas em cargos, mas também na implementação de políticas públicas que atendam às necessidades da população.

Ao adotar essa abordagem, o PT da Paraíba poderá fortalecer sua base, ampliar sua representatividade e contribuir significativamente para o desenvolvimento do estado, alinhando-se aos valores progressistas que sempre nortearam sua trajetória.

Este humilde jornalista deseja muita luz e sabedoria a nova gestão da Deputada Cida Ramos, para que o partido possa superar vencer os grandes desafios do atual cenário político paraibano.

Eli Mariotti




A campanha eleitoral, especialmente no contexto de disputas majoritárias como as eleições municipais, tem se tornado um campo fértil para o uso de estratégias manipulativas e ofensivas, principalmente por parte de candidatos que adotam uma retórica extremista, típica da extrema direita. Um exemplo claro desse comportamento é visto nas atitudes do candidato Ricardo Marçal, que disputa a prefeitura de São Paulo. Suas ações e discursos ilustram táticas que não apenas desarmam seus adversários, mas também utilizam uma retórica ambígua para atacar por flancos previamente preparados com palavras amigáveis. Vou detalhar essa estratégia e explorar algumas das situações em que ela foi usada.

A Tática da Ambiguidade: Desarmar para Atacar

Uma das características centrais da estratégia de Marçal é a utilização de declarações aparentemente conciliatórias para, logo em seguida, desferir ataques diretos e calculados. Este método envolve a criação de uma falsa sensação de desarmamento, em que o adversário acredita que um tema ou questão foi resolvido de forma pacífica, apenas para ser surpreendido por um ataque subsequente.

Esse comportamento foi exemplificado depois de um pedido de perdão a José Luiz Datena anterior ao debate na TV Cultura. Marçal pediu perdão ao apresentador por atitudes anteriores, em um gesto que poderia ser interpretado como genuíno e conciliatório. No entanto, poucos dias depois, durante o debate citado, ele voltou a atacá-lo. A tática aqui é clara: ao desarmar temporariamente o adversário com um pedido de perdão, Marçal busca pega-lo desprevenido, expondo suas fragilidades quando menos se espera.

Outro exemplo revelador foi seu comportamento em relação ao atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. Antes do debate desta terça, no UOL/Rede TV, Marçal mandou um bilhete a Nunes, afirmando que não desejava envolver a família nos ataques da campanha, declarando sua intenção de focar nos aspectos políticos. No entanto, logo depois, ele atacou diretamente a família do prefeito, na pessoa de sua esposa. Novamente, temos a estratégia de desarmar previamente o flanco que será atacado. Ao afirmar que respeitaria um limite ético (não atacar a família), Marçal abre o caminho para que, quando o ataque ocorra, ele já tenha minado a resistência do adversário e desviado a atenção da crítica.

A estratégia de ser contra o crime mesmo acusado de fazer parte dele

Marçal também se coloca como um opositor ferrenho do crime organizado, como o Primeiro Comando da Capital (PCC). Contudo, surgiram relatos e processos criminais que sugerem um possível envolvimento de sua campanha com o crime, seja diretamente ou por meio de alianças obscuras. Esta contradição reflete outra faceta da estratégia: projetar uma imagem de opositor para esconder possíveis vínculos ou ações que vão na direção oposta ao discurso. Neste caso, a retórica de Marçal se constrói como um defensor da moralidade e da ordem, mas seus vínculos parecem contradizer diretamente essa imagem, novamente minando a confiança do público e adversários.

Em debates e declarações, Marçal também aplicou essa mesma técnica contra Tábata Amaral. Embora tenha inicialmente adotado um discurso de respeito à jovem parlamentar, posicionando-se como alguém que dialoga com novas ideias, rapidamente ele mudou o tom, utilizando questões pessoais e políticas contra ela. Esta alternância entre discurso amigável e ataques calculados faz parte de uma estratégia para confundir os adversários e criar um ambiente no qual eles não estão preparados para se defender adequadamente.

Como classificar as estratégias da “nova” extrema direita:

Essa estratégia, frequentemente utilizada ultimamente por políticos de extrema direita, pode ser classificada como uma forma de "desarmamento retórico seguido de ataque". Ela se baseia em quatro pilares:

  1. Desarmamento temporário: Criar um ambiente de aparente paz e conciliação, geralmente por meio de desculpas públicas, declarações de respeito ou negações de intenção de ataque.
  1. Ataque por flancos desguarnecidos: Utilizar os momentos seguintes ao desarmamento para atacar justamente o ponto que foi previamente protegido com palavras conciliatórias.
  1. Contradição intencional: Lançar mão de discursos contraditórios, como dizer-se contra o crime organizado enquanto mantém vínculos suspeitos, para confundir o público e dividir a narrativa.
  1. Manipulação da imagem pública: Criar uma imagem de defensor da moralidade e da ordem, enquanto usa táticas inescrupulosas para lacrar nas Redes Sociais, cujo maior objetivo é enfraquecer os adversários.
Políticos experientes que são pegos pela rede da mediocridade

Essa estratégia, que tem sido frequentemente usada por figuras da extrema direita, pode ser vista como habilidosa em um nível estratégico, mas não necessariamente brilhante. Ela é eficaz, especialmente quando os adversários não estão preparados para responder a mudanças rápidas de postura. No entanto, essa estratégia não é inovadora nem complexa – é uma técnica básica de desorientação, onde o foco está em criar uma falsa sensação de segurança para depois atacar em um momento de vulnerabilidade.

Em debates e campanhas eleitorais, os candidatos muitas vezes se preparam para confrontos diretos e esperam que os ataques sejam feitos de forma previsível. Marçal tira vantagem disso ao alternar entre o discurso de conciliação e o ataque, criando um ciclo de confusão que pega os oponentes desprevenidos. Essa técnica funciona principalmente quando os adversários são excessivamente focados em suas próprias defesas e não estão atentos às mudanças de comportamento do oponente.

Por outro lado, o fato de ser uma estratégia básica pode também expor suas limitações. Se os adversários antecipam esse padrão de comportamento, a tática se torna previsível e perde força. É uma abordagem que depende muito da surpresa e da capacidade de desarmar psicologicamente o oponente, mas não necessariamente de um conteúdo ou habilidade mais substancial.

Em resumo, não é uma tática brilhante, mas sim eficaz na exploração de falhas na preparação dos adversários. Adversários mais experientes e atentos podem desarmá-la facilmente, transformando o ataque em uma oportunidade de expor a inconsistência e a desonestidade do candidato.

A utilização de tais táticas, como as exemplificadas por Marçal, tem consequências profundas para a política. Elas criam um ambiente de desconfiança, polarização e desgaste das relações entre candidatos, partidos e eleitores. Além disso, o uso de tais métodos pode resultar em um enfraquecimento do debate público, uma vez que o foco se desvia de políticas públicas e propostas concretas, deslocando-se para o campo das trocas de acusações e manipulações.

O comportamento de Ricardo Marçal em sua campanha é um reflexo de uma tática política que visa desorientar e enfraquecer os adversários por meio de um discurso contraditório e manipulação. Para enfrentá-la, é essencial que os candidatos e o público estejam conscientes dessas técnicas e preparados para expor suas inconsistências e perigos ao debate democrático.

"Quando estamos perto, devemos fazer o inimigo acreditar que estamos longe; quando longe, fazê-lo acreditar que estamos perto."

Sun Tzu - A arte da guerra


O futebol brasileiro, um dos maiores símbolos culturais do país, é conhecido mundialmente por sua paixão e talento. No entanto, em várias ocasiões, a integridade do esporte foi comprometida por escândalos de corrupção que mancharam a sua história. Três dos maiores escândalos foram a Máfia das Loterias (1982), a Máfia do Apito (2005) e, mais recentemente, a chamada Máfia das Bets, que explodiu em 2023. Cada um desses eventos envolveu manipulação de resultados e interesses financeiros ilícitos, impactando a credibilidade do futebol brasileiro.

Um vídeo curto do jornalista Chico Pinheiro para o ICL (Instituto Conhecimento Liberta) de 1 minuto e 20, chama a atenção pela ênfase dada a Máfia das Bets. Depois de uma minuciosa pesquisa, escrevo esta matéria com detalhes que alertam para um problema, que como diz Chico, ninguém está dando a devida importância na imprensa esportiva nacional.

Máfia das Loterias (1982)

Em 1982, o Brasil foi sacudido por um escândalo que envolveu a manipulação de resultados de jogos de futebol para fraudar o resultado da Loteria Esportiva. A Loteria Esportiva, na época, era extremamente popular, e os jogos de futebol eram fundamentais para o funcionamento do sistema de apostas.

A fraude foi descoberta após a revelação de que um grupo de pessoas, incluindo jogadores, dirigentes e apostadores, estava combinado para manipular os resultados das partidas. O objetivo era garantir que certos resultados ocorressem, permitindo que os fraudadores ganhassem prêmios na Loteria Esportiva. O escândalo levou a uma série de investigações, com prisões e suspensões de envolvidos, mas os danos à credibilidade do futebol brasileiro já estavam feitos. A confiança do público na integridade do esporte foi severamente abalada.

A Máfia do Apito (2005)

Em 2005, o futebol brasileiro enfrentou outro grande escândalo, conhecido como a Máfia do Apito. O esquema foi revelado pelo jornalista André Rizek e envolvia a manipulação de resultados de jogos do Campeonato Brasileiro por um grupo de árbitros liderados pelo então árbitro Edílson Pereira de Carvalho. O esquema consistia em manipular os resultados para beneficiar apostadores em sites de apostas.

Edílson Pereira de Carvalho recebia subornos para garantir que certas equipes vencessem ou perdessem de acordo com as apostas feitas. Quando o esquema foi descoberto, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) decidiu anular 11 partidas do Campeonato Brasileiro de 2005, todas arbitradas por Edílson. As partidas foram remarcadas, mas o escândalo deixou uma mancha indelével na reputação do futebol nacional.

Máfia das Bets (2023)

O mais recente escândalo que abalou o futebol brasileiro é a chamada Máfia das Bets, um esquema de manipulação de resultados que veio à tona em 2023. O termo "Bets" refere-se às apostas esportivas, que nos últimos anos passaram por uma explosão de popularidade, em parte devido à legalização e regulamentação do setor no Brasil. Com o aumento das apostas, também surgiram oportunidades para esquemas ilícitos que visam manipular resultados de jogos de futebol, muitas vezes envolvendo jogadores, árbitros e dirigentes.

O Esquema, investigação e impactos

A Máfia das Bets funciona de maneira semelhante à Máfia do Apito, mas com a diferença de que agora as apostas são feitas em plataformas online, muitas delas operando fora do Brasil. O esquema envolve subornos a jogadores e árbitros para que manipulem o resultado de jogos específicos, garantindo que certas apostas sejam vitoriosas. Essas apostas podem variar desde o placar final até eventos específicos dentro do jogo, como número de cartões ou escanteios.

Em 2023, a Polícia Federal e o Ministério Público iniciaram uma grande investigação, batizada de "Operação Penalidade Máxima", para desmantelar a Máfia das Bets. A investigação revelou que jogadores de diversas divisões do futebol brasileiro estavam envolvidos no esquema, recebendo quantias consideráveis para manipular resultados. Alguns jogadores foram presos, enquanto outros foram suspensos e estão sendo processados.

O escândalo atingiu um nível preocupante devido à abrangência do esquema, que não se limitava a uma liga ou região específica, mas envolvia jogos em várias divisões e estados. Além disso, a facilidade de acesso às plataformas de apostas online tornou o esquema ainda mais difícil de detectar e combater, aumentando o risco de manipulação de resultados em um cenário globalizado.

A repercussão do escândalo foi intensa, com torcedores, jogadores e autoridades expressando indignação. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e outras entidades do esporte estão trabalhando em conjunto com as autoridades para combater o problema, implementando novas medidas de monitoramento e regulamentação das apostas esportivas. No entanto, o impacto sobre a credibilidade do futebol brasileiro já é significativo, e o desafio agora é restaurar a confiança do público e assegurar a integridade do esporte.

Quem pode estar envolvido

Vários jogadores foram identificados e estão sendo investigados por supostamente aceitarem subornos para manipular resultados ou eventos específicos dentro dos jogos. Entre os jogadores citados, há tanto atletas de times da Série A quanto de divisões inferiores, o que mostra a extensão do problema em diferentes níveis do futebol brasileiro.

Alguns técnicos também foram mencionados nas investigações, suspeitos de conivência com o esquema, seja por permitir que jogadores participassem da manipulação ou até mesmo por orientá-los a influenciar o resultado de uma partida.

Há indícios de que alguns dirigentes de clubes estariam envolvidos, facilitando o acesso dos apostadores aos jogadores ou recebendo uma parte dos lucros provenientes das apostas fraudulentas. A investigação está focada em entender se houve um esquema organizado dentro de certos clubes, onde dirigentes poderiam ter controlado ou incentivado a manipulação.

Empresários e agentes de jogadores também estão sob investigação, especialmente aqueles que possuem grande influência na carreira dos atletas. Eles podem ter usado essa influência para coagir ou convencer jogadores a participar do esquema.

Alguns empresários, que atuam como intermediários entre jogadores e plataformas de apostas, estão sendo investigados. Esses indivíduos podem ter sido responsáveis por orquestrar a manipulação de resultados, garantindo que as apostas fossem bem-sucedidas em troca de grandes lucros.

Há também menções a empresários com grande participação no futebol nacional, que podem ter usado suas conexões para facilitar o esquema. Esses empresários podem ter influenciado diretamente dirigentes e jogadores.

Até agora, não há nomes específicos de políticos de alto escalão envolvidos diretamente na Máfia das Bets, mas investigações apontam para uma possível influência indireta. Isso inclui a omissão de certas figuras políticas em relação à regulamentação das apostas esportivas, ou até mesmo o favorecimento de certos grupos empresariais que poderiam ter facilitado a operação do esquema.

A possibilidade de lobby político para proteger os interesses de plataformas de apostas ou grupos envolvidos no futebol também está sendo investigada. Esse tipo de envolvimento pode ser mais sutil, mas igualmente prejudicial, pois cria um ambiente onde a manipulação de resultados pode prosperar sem consequências severas.

Conclusão

Os escândalos de corrupção no futebol brasileiro, desde a Máfia das Loterias em 1982 até a recente Máfia das Bets em 2023, refletem a vulnerabilidade do esporte diante de interesses financeiros ilícitos. A cada nova revelação, a confiança do público é abalada, e o desafio de preservar a integridade do futebol se torna mais complexo.

As apostas esportivas, especialmente em um ambiente digital, apresentam novos desafios que exigem uma abordagem robusta e inovadora para proteger o esporte que é um símbolo nacional. O futuro do futebol brasileiro depende da capacidade de aprender com esses escândalos e implementar medidas eficazes para evitar que eles se repitam.

Assista o vídeo do Chico Pinheiro no YouTube

 

Imagem da Internet


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Não, não estava sendo mal educado em não responder no messenger, aplicativo de mensagem do Facebook. Só não entendia porque uma garota de seus 16,17 anos aparentemente queria conversar com alguém muito mais velho do que ela.

Há vários meses venho recebendo pedidos de amizade no Facebook, de supostas jovens que agem como adultas, e assim que aceitava, elas tentavam iniciar um diálogo pelo aplicativo de mensagens da plataforma. Como eu tenho o hábito de visitar qualquer perfil que me pede amizade antes de aceitar, houve inclusive quem eu não aceitei a amizade, mas mesmo assim, o perfil tentava iniciar um diálogo do mesmo modo que mencionei acima.

O padrão é esse: jovens muito bonitas, sempre do Rio Grande do Sul com poucas fotos no perfil da plataforma, mas com shortinhos sensuais, fotos na frente do espelho, fazendo biquinho além de uma ou duas fotos com criança para aparentar um ambiente familiar. Detalhe. Não existe fotos com famíliar, pai, mãe, etc.

Vou contar de forma resumida, que recentemente uma jovem me pediu amizade, no mesmo estilo das outras. Fiquei curioso, minha intuição jornalística me avisava que tinha golpe nessa história. Mas antes de aceitar, acionei o Google e fiz uma pesquisa na internet sobre jovens que visitavam facebook de pessoas mais velhas.

Fiquei espantado com a quantidade de denúncias matérias, vídeos, etc que denunciavam o "Golpe dos Nudes". Tudo no Rio Grande do Sul. Muita coisa sobre o tema. E naquele momento a minha verve jornalística, ainda que mediana, me alfinetou para que eu desse continuidade as estas conversas.

E assim aceito a amizade, respondo e dou corda. "Ela" pergunta se estou bem, o que eu faço, conversa normal, até que ela coloca o número do whatsapp sem a menor cerimônia. É modus operandis. 

Muito bem, adicionei no zap, conversa vem, conversa vai, chegou um momento em que ela disse que ira tomar banho e depois retornava. Perguntei a idade dela: 15 anos. Fingi que estava chocado e ela foi logo dizendo que gostava de homens mais velhos. Quando retorna, recebo uma foto de calcinha e sutiã da menina, dizendo que estava secando os cabelos.

Não era uma foto real. Mas vamos em frente.

Eu escrevo expressões de surpresa, ela disse que não tem problema e repetiu novamente que gostava de homens mais velhos, desta vez demonstrando certa indignação pela minha reação. Prestem atenção no detalhe. Essa afirmação é o gatilho pra que os homens comecem a cair na armadilha. Claro, e a foto dando a ideia que foi tirada em tempo real, fechava o teatro para o otário cair direitinho. Ainda enviou outra foto no banheiro secando o cabelo, de calcinha e sutiã e enviou.

Foi pra cama e na conversa pediu para que eu enviasse fotos. Eu, já atento a dramatização da coisa, usei o mesmo método dos golpistas. Copiei fotos íntimas e públicas da Internet, com enquadramento e sem o rosto e fui enviando com um mecanismo de visualização única pra ver se "ela" pediria fotos que possibilitassem várias visualizações.

Nunca entrou no detalhe da visualização única, mas pedia sempre fotos para ver se eu mandava uma no envio normal. Até que eu vacilei e mandei uma repetida na visualização única. Ela supeitou e  reclamou que eu estava mentindo, que as fotos não eram de tempo real e finalmente alegou que a mãe chegou de surpresa e que precisava tomar seu remédio. Não me respondeu mais.

E aqui vai uma observação: como uma adolescente de 16 anos teria a lucidez ou perspicácia de saber que uma foto não era real, mesmo repetida. E ainda perguntou e era dia em João Pessoa, porque em Porto Alegre já era noite. Ri intimamente na hora. E claro que não era ignorância. Era ironia adulta, não muito comum em uma adolescente.

Mas eu queria me arriscar, saber mais. Fui no perfil em que eu não adicionei a amizade e respondi com boa noite no app de mensagens a mensagem que este perfil havia me mandado. Não demorou um minuto e ela me respondeu. Naquela hora já estava tarde e o sono me invadia. Não respondi e dormi até o dia seguinte.

Amanheceu e vi mais mensagens dela e o número de whatsapp que ela enviou. Novamente o modus operandis. "Elas" enviam o número de whatsapp sem a menor cerimônia. Adicionei. Tenho todo um ritual pra levantar, tomar banho e café quando acordo. Mas não iria perder a oportunidade de confirmar se era o Golpe dos Nudes.

Mesmo modelo da conversa anterior com o outro perfil, ela enviando imagens e falando sacanagens e eu enviando imagens aleatórias da internet com visualização única, até que resolvi enviar uma foto sem este recurso, de forma proposital para dar uma suposta prova de assédio infantil. 

Naquele momento ela me enviou um vídeo, de uma mulher nua no banheiro como se fosse ela, mas claramente o corpo diferia das fotos no face e que ela enviou pelo zap. No vídeo ela estava sentada no chão do banheiro em posição vulnerável de repente um barulho de porta batendo. Surpreendida a garota do vídeo, levanta bruscamente e tudo apaga.

Já notei logo naquele momento, que se ela foi surpreendida gravando um vídeo, jamais conseguiria enviar-me pelo whatsapp. Numa situação destas não daria tempo para apertar o botão de stop e em seguida a seta de enviar no mesmo segundo. O vídeo simplesmente apagou com ela levantando bruscamente.

Não havia dúvidas que era um vídeo que foi retirado de algum site adulto e cortado para fazer de conta que ela havia sido pega no flagra. não aparecia o rosto, só um corpo que não correspondia a um corpo de menina adolescente de 16 anos e ao corpo da foto dela. Era pelo menos uns 6 anos mais velho. Fácil de enganar os desprevenidos.

Fiquei pensando e esperando o que viria a seguir. E foi aí que se deu o desfecho da armação. O ápice do golpe! Se demorou 15 minutos para eu receber uma ligação pelo whatsapp, foi muito. Não havia nem levantado da cama ainda.

A ligação tinha uma imagem no perfil da Delegacia Online do RS. Mas o número era particular, do tipo business, também do código 51-RS. E um homem, que já sabia meu nome, se identificou como delegado e já me acusando de assédio sexual contra menores, me ameaçou e disse que mandaria a PC daqui de João Pessoa me prender sumariamente, por abuso sexual de menores, crimes, etc.

Foi uma verborragia de tantas coisas sem noção e mostrando total desconhecimento de procedimentos e protocolos de uma investigação policial neste caso, ou pelo menos é o que me pareceu. Também apostam na desinformação das pessoas. Bom, assim foi até que começou a extorsão.

Disse que poderíamos entrar num acordo amigável e que alguém da família da jovem entraria em contato. Poderia ter me estendido mais nesse procedimento, mas fui ficando irritado, o que não é profissional, mas fui bem direto e firme e disse que queria receber a intimação e que me interessava saber quem eram eles. E desliguei.

Mas vejam o detalhe: se eu não estivesse programado e preparado pra isso, entraria em desespero como muitos incautos devem ter entrado. Essa técnica é infalível e eles sabem fazer muito bem, tirando, é claro, a ignorância deles dos protocolos policiais. Falha deles. Sendo bandidos e tendo advogados deveriam saber. Ou então simplesmente apostam na ignorância da vítimas do golpe.

Também não demorou 2 minutos depois , recebo uma mensagem pelo whatsapp, de alguém supostamente da família da jovem, me ameaçando, que denunciou, que iria me expor perante amigos, familiares e a sociedade, que iria ficar famoso. Nem me dei ao trabalho de responder. 

Tudo indica que era o delegado em outro número. Se não era, o modus operandis, segundo a Comunicação Social da PC do RS era ter um que se fazia da lei e outro que se fazia da família. Apenas anotei o número, tanto este quanto do delegado e bloqueei. Já tinha chegado ao meu objetivo pelo menos por aquele momento.

Entrei em contato com o whatsapp de Denúncias da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, encaminhei a denúncia do golpe com todos os detalhes e com os números do whatsapp dos criminosos e liguei para a Comunicação Social da corporação no estado para falar com a Assessoria de Imprensa.

O assessor esclareceu ao telefone que o Golpe do Nude é uma prática comum e tem em sua maioria a característica de ser do próprio RS. Mas que eles atuam em outros estados também. Houve inclusive uma investigação em 2021 que desbaratou uma quadrilha especializada neste golpe, e que eles criaram até mesmo, pasmem, uma delegacia fake. Com supostos policiais e tudo. 

Ontem, logo depois de publicar esta matéria neste blog, desbloqueei o número do "delegado" que me ligou na parte da manhã e aguardei apra ver se haveria alguma reação. 

1 minuto depois apenas o cara vem me ameaçando de novo, dizendo que já que eu não teria tido uma conversa amigável com ele, a coisa agora iria esquentar pra mim. O mesmo blá, blá blá. Que eu seria exposto a opinião pública, famílias, amigos por conversar com crianças na internet. Só não ri do meliante, porque esse cara tem o dom de irritar.

Me controlei e fiquei conversando com o malandro, dando mis corda, ele ameaçando de tudo quanto é jeito, até que eu disse que a lei o alcançaria e tal e foi aí que ele soltou a pérola:

- Tô ficando com medo e acho que eu vou fugir daqui, hoje mesmo vou pedir ao guardo para abrir a porta.

Presídio! O cara estava falando comigo do presídio! Ou cadeia. Tanto faz. Se entregou sem mesmo piscar os olhos. Claro que tem cumplices fora das grades. Mas claramente o "Delegado" do DECA-RS estava enjaulado!

Hoje, com mais elementos, fui fazer a denúncia na Delegacia de Crimes Cibernéticos da Paraíba. E digo uma coisa,  a polícia aqui não veio pra fazer turismo não. A Polícia daqui e de Natal é sangue nos olhos. Fiz o Boletim de ocorrência com a denúncia das ameaças, para que houvesse mecanismos par se iniciar uma investigação, acionando também a Polícia Civil do RS. 

Pois bem, agora a tarde, recebi mais uma ligação, desta feita de outra pessoa, imitando o jeito de falar de um policial da Rota, mas se dizendo da Delegacia de Policia Civil do RS. Sem falar o distrito e sem se identificar, me perguntou de novo a clássica pergunta destes quadrilheiros:

- Você conversou com uma criança daqui ontem no seu whatsapp?
- Não. Conversei com uma pessoa que está no presídio se passando por uma garota..

O cara ficou mais agressivo ainda, porque essa é a tática deles, se meteu a valentão e desligou. Que atitude policial é essa?  O problema, caros leitores, é que a maioria das pessoas que são vítimas deste golpe não tem o preparo, nem psicológico e nem a informação necessária que um jornalista investigativo ou um policial detetive tem pra lidar com uma pressão deste nível com estratégias elaboradas. 

Ficam desesperados e não percebem os erros em série de procedimentos que estes meliantes comentem. Não vou detalhar aqui estes erros crassos, porque seria dar um curso pra estes golpistas melhorarem sua tática e abordagem. Mas eles já sabem que eu descobri o que estão fazendo.

Como já disse antes, em 2021, a polícia do RS desbaratou essa quadrilha. Mas não se acaba totalmente, porque mesmo presos, por algum motivo conseguem agir de dentro das prisões. Atualmente este tipo de crime se atualizou no método com algumas diferenças dos golpes até 2021, expandindo e buscando perfis de outras regiões do país, e segundo informações da Polícia Civil, recebem denúncias até do exterior.

O assessor me passou um link do site da PC para ter acesso a uma série de orientações contra esse tipo e outros golpes, que podemos baixar em pdf.

Acessei, vi orientações para recuperar rede sociais hackeadas, contra o golpe do Pix, BO online, mas não achei nada referente a esse tipo de golpe. Uma dica é os paraibanos a acessarem o site da PC da Paraíba.

Questionei  a Comunicação Social da PC do RS, que ainda esse tipo de golpe era difícil de ser denunciado, porque a vítima também pensaria que está supostamente incorrendo em um crime e ficaria com medo, sem pensar que não há nenhuma garota do outro lado. O assessor então, só me disse que poderia ser enviada de forma anônima. Não sei se funciona, mas ok.

Pra finalizar, é importante ficar atento aos sinais, escutem sua consciência, porque este tipo de golpe é pesado e os dissabores são grandes. Eu arrisquei para escrever uma matéria, e enviei imagens e texto sabendo que não existe garota nenhuma do outro lado. São golpistas.

O padrão do Golpe dos Nudes inclui a busca por perfis mais velhos, "elas" cedem o número do whatsapp primeiro, enviam imagens primeiro, tem semelhanças nos perfis, uma era confeiteira com 15 anos de idade, e a outra era filha de 16 anos de mãe confeiteira, tem poucos amigos no facebook, sempre fotos de shortinhos, e na frente do espelho também, com pouquíssimas atualizações no conteúdo do perfil. E se for do Rio Grande do Sul, mais cuidadoainda, porque é certeza do Golpe dos Nudes!

Nunca mande imagens suas, nem vídeos e cuidado com as palavras. Sempre. Essa parte é bem complicada, porque "elas" é quem assumem a iniciativa de iniciar uma conversa mais quente e mandar imagens. É golpe. 

Outra coisa, se a pessoa quiser saber se a moça tem idade legal e compatível, no meio da conversa, faça uma chamada de vídeo pra ver se ela atende e aparece. É ai que se mata a charada. Na regra, não atende e sai da conversa, justificando sempre que alguém apareceu na hora.

Meninas novas não procuram homens mais velhos no Facebook ou qualquer outra rede social. São homens maldosos que justificam seus crimes num suposto agir em defesa das meninas e adolescente. 

Balela. Caô dos grandes. Não existe o perfil que se mostrou nas redes, Não existe garotas ou meninas. Só bandidos.

Pra quem quiser denunciar o Golpe do Nudes, os contatos da Polícia Civil da Paraíba é:

Delegacia Online — Polícia Civil (policiacivil.pb.gov.br)

Telefone para denúncias: 197

Central de Polícia no Viaduto do Geisel

Polícia Civil do Rio Grande do Sul:

Telefone para denúncias: 197

whatsapp: 51 98444-0606

Ou procure a Polícia Cívil de sua cidade.

Reprodução | Redes Sociais

Maria da Conceição Tavares, nascida em Aveiro, onde o mar beija a terra com um abraço eterno, veio ao mundo com uma mente que desafiaria os tempos. Em Portugal, sua terra natal, ela começou a trilhar um caminho que a levaria ao Brasil, um país que adotaria como lar e campo de batalha intelectual.

Em suas mãos, a economia brasileira encontrou uma guia, uma voz que articulava as complexidades com a simplicidade de quem conhece o coração do país. Na UFRJ e na Unicamp, ela ensinou não apenas com livros e projeções, mas com a história viva que cada aluno trazia consigo. Seu método era não apenas transmitir conhecimento, mas despertar a curiosidade e o desejo de entender mais.

Maria da Conceição Tavares foi uma voz poderosa na economia brasileira, uma defensora incansável do desenvolvimento com justiça social. Ela acreditava que o Estado tinha um papel fundamental no desenvolvimento econômico do país, e essa foi uma das linhas fortes de sua pensamento.

Ela era conhecida por sua defesa fervorosa do Plano Cruzado e pelo combate à inflação, um momento crucial na história econômica do Brasil. Em 1995, ela deu uma entrevista ao programa “Roda Viva”, onde expressou suas críticas ao que ela via como uma falácia na abordagem da economia brasileira: a necessidade de primeiro estabilizar, depois crescer e depois distribuir. Argumentava que essa sequência não funcionava bem no Brasil, pois o país não conseguia estabilizar, crescer de forma consistente e distribuir os benefícios de forma equitativa.

Tavares também foi influenciada por outros economistas progressistas como Celso Furtado, Caio Prado Jr. e Ignácio Rangel, que acreditavam que a economia não podia ser separada do contexto social e político. Sempre defendeu que a economia era um instrumento para melhorar socialmente e politicamente uma nação.

Sua carreira foi marcada por passagens importantes no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Grupo Executivo da Indústria Mecânica Pesada (Geimape). Ela também lecionou no Chile e no México, compartilhando suas ideias com gerações de estudantes.

Maria da Conceição Tavares deixou um legado indelével na economia brasileira, não apenas por suas ideias, mas também por sua dedicação à formação de novos economistas que continuariam a trabalhar pela justiça social no país. Seu pensamento continua a inspirar aqueles que buscam uma economia mais inclusiva e equitativa.

Com o PT, ela entrou na arena política, onde suas ideias econômicas se entrelaçaram com a luta social. Foi uma deputada federal, mas também uma conselheira, uma voz que ecoava nas salas de decisão com a força de suas convicções.

Os prêmios que recebeu foram apenas reconhecimento público do que ela já sabia: que sua obra era mais do que números e teorias; era uma paixão por um Brasil melhor. O Prêmio Jabuti e o Prêmio Almirante Álvaro Alberto foram apenas pontapés no caminho de uma jornada que nunca terminaria.

Em Nova Friburgo, onde o verde dos campos se mistura com o azul do céu serrano, ela deixou sua marca. Seu legado é como as montanhas ao redor: imponente e eterno. E quando Lula chamou-a de “uma das maiores da nossa história”, ele não estava errado. Maria da Conceição Tavares foi mais do que uma economista; foi uma poetisa da realidade brasileira.

Seu nome é agora parte do tecido da nação, um fio que une passado e futuro. E embora ela tenha partido para o céu em 2019, sua memória permanece viva, como as palavras de Saramago que continuam a inspirar gerações futuras.