O “MENSALÃO” NO SUPREMO E A REFORMA POLÍTICA JOGADA NOVAMENTE AO OSTRACISMO

Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) concluíram na quarta-(28) a definição das penas para 25 réus condenados no processo do mensalão Foram os quatro meses do julgamento mais  longo da história do Supremo Corte, e só se fala dos avanços e mudanças que uma “alegada” nova postura do STF contra a corrupção traria para a sociedade.

Eu penso que não podemos nos iludir e embarcar nesse discurso de que agora o Supremo vai arregaçar as mangas e lutar no combate à corrupção, primeiro porque a Justiça ainda é muito lenta e a dimensão que a mídia quer dar para o julgamento do mensalão pode levar a sérios equívocos. A sociedade civil, os próprios réus podem ficar desprotegida ao achar que está tudo em ordem, já que o famoso “amplo direito a defesa” que foi aplicado neste processo, a meu ver, praticamente foi anulado por uma postura radical que o relator manifestou de modo redundantemente radical.

Sem falar que o julgamento do “mensalão”, se é que ele existiu, está incompleto. Podemos afirmar que o mensalão tem quatro segmentos: o que está sendo julgado, o mensalão tucano, o mensalão do DEM e o mensalão do Maluf. Estas três últimas ainda não foram julgadas e na verdade, não há garantias nenhumas de que serão ainda nesta encarnação.

A existência do mensalão na forma como foi denunciado pelo ex-deputado Roberto Jefferson não foi provada. O debate principal não está sendo feito com o julgamento no Supremo, mas há uma "sanha condenatória" contra algumas pessoas em vez de um debate correto sobre combate à corrupção. O Brasil precisa ter é medidas estruturantes que ataquem os corruptores e reforcem a democracia através de uma reforma política que leve ao financiamento público de campanhas, para evitar o caixa dois que todos os partidos políticos usam em maior ou menor grau, sem exceção.

O fato de ter sido um julgamento público, com transmissão pela televisão, rádio e outros veículos de comunicação pode indicar uma faca de dois gumes. Um dos lados é positivo e mostra um STF “transparente”, que concede o acesso da população brasileira como um todo as normas processuais do STF, algo antes quase inatingível.

No outro lado da faca, tem a pressão da  grande imprensa, que no Brasil, longe de ser independente, obedece interesses claramente políticos e não mostra a imparcialidade investigativa, tão necessária nestes grandes processos, em que todas possibilidades deveriam ser profundamente analisadas. Neste lado também vemos, que os Ministros do STF também são humanos e não é nada impossível que a mosquinha azul da popularidade piquem um ou alguns deles.

Ainda com relação a mídia, percebi resquícios pertubantes de um linchamento publico, a  vi condenar os reús antes de qualquer julgamento. E por mais que tenham os réus errado, personagens como José Dirceu, Genoíno, não tiveram menções absolutamente respeitosas e condizentes com sua história política na mídia. Não sou petista e nunca serei, mas como negar a contribuição que estas pessoas deram contra a ditadura, inclusive em benefício da própria imprensa? 

Por isso fica na minha mente algumas perguntas:

1- Porque tenho a sensação de que o Ministro Barbosa, longe de querer fazer justiça contra a impunidade, pareceu-me um juiz feroz com fortes toques de diva, de forte egocentrismo, que atacou com voracidade os réus, querendo mostrar um serviço exagerado para a opinião pública?

2- Porque será que em todo o Mensalão, percebe-se um movimento de 90% da grande mídia querendo destruir o mito Lula, isso sem falar nas investigações da PF em torno dos maus funcionários públicos, e que a primeira coisa que os jornalistas fazem é procurar e potencializar algum tipo de relacionamento com o Lula? Cade o bom jornalismo? Cadê a Veja que não está sendo investigada na CPI do Cachoeira?

3- Será mesmo que o Ministro Barbosa realmente inaugurará uma nova era na justiça brasileira como presidente do STF, em que a luta para eliminar a corrupção nos orgãos e poderes públicos seria o grande e principal objetivo?

4- Porque não há no Supremo e na mídia um debate substancial e objetivo para a Reforma Política? E ainda pergunto, se já houvesse sido implantada a reforma, teria sido necessário estes 4 meses de julgamento no Supremo?

Com a palavra o cidadão brasileiro...